Por vezes falamos o que sentimos num segundo, e fazemos disso uma história de um dia que vagueia no pensamento do eterno segundo que nos prende.
Escrevi, não em vão, tudo aquilo que senti. Porque o aperto que me encurta o respirar por tênues e breves tempos, me cola a uma sensação sentida do que já passou, mas me liberta quando me solto pelas palavras, que nada mais são que simples letras que escorregam pela noite... Sem sono, angustiada, preocupada... Diante de um mundo sujo, sem caráter, dentro de um quarto escuro que viaja em vários pensamentos, um olhar fixo em um sapatinho de cristal, de pano, de tricô na cabeceira de sua cama. Sem paciência rabisquei vários papeis ao tentar desenhar a minha expressão insignificante num ensaio daquilo que sou. Ou que não sou. Por que será que esta acontecendo isso, será que é devido o cansaço incalculável de certas pessoas, a falta de paciência, dos acontecimentos, ou será devido a TPM ? ... Bom, vai saber o que me aflige nesse momento, nessa escuridão... Volto achar que tudo é culpa dos "demais"... Trabalho demais, perguntas demais, respostas demais, ligações demais, mentiras demais, sinceridade demais, festas demais, alegrias demais, pessoas demais... Tudo demais enjoa, dão náuseas, vômitos...
Mas, por vezes, não me apetece sentir. Nem escrever. Como agora.
Já passou aquele segundo, como uma gota de chuva... E não quero dizer que sinto o que me ultrapassa, reviro os olhos, fecho-os, abro. Volto a fechar. Submergi em mim.
Mais um segundo de loucura, nunca é demais...
É cada coisa... Parece que estou ate de jejum... Abstinência. Ai ai...
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